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terça-feira, 12 de outubro de 2010

chega de hipocrisia: notas sobre um falso debate

CHEGA DE HIPOCRISIA.
Nunca vi um oportunismo tão grande em cima de uma realidade grave.
Se ainda fosse um debate, mas não: é um falso debate, em cima de baixarias, de desinformação, de preconceitos, de pressupostos mentirosos.

1 - QUEM PODE SER A FAVOR DE SE VIVENCIAR UM ABORTO? Ninguém sonha com isso, nenhuma de nós mulheres vai feliz e contente pra uma decisão dessas, com uma placa luminosa em cima dizendo "oba, que legal, vou fazer um aborto!".
Aborto é a última opção se houve alguma falha nos métodos anti-concepcionais ou nos do dia seguinte. É um mal necessário.
O que somos a favor é de o aborto deixar de ser um CRIME, somos a favor de que a interrupção voluntária de uma gravidez indesejada (por motivos vários) seja uma opção prevista pela lei.


2 - Ser "a favor" a descriminalização não significa exatamente o oposto de ser "contra": são dois pesos, duas medidas!
Se fosse legalizado e alguém não quisesse fazer por convicção religiosa e tal, ok: ninguém ia obrigar, o Estado não ia obrigar, "a Dilma" não ia obrigar. O problema é, do jeito que está, uma parte das mulheres que gostaria de ter esta opção não tem.
Não têm a opção e, como se não bastasse o sofrimento físico e/ou psicológico de se submeterem a uma curetagem voluntária, ainda correm o risco de serem penalizadas, de serem presas.

A propósito, videozinho interessante:


3 - Todos os dias brasileiras de todas as classes sociais são obrigadas a interromper uma gravidez INDESEJADA. Segundo a Pesquisa Nacional do Aborto, coordenada pela respeitada profa. Débora Diniz, aqui da UnB, estima-se que 1 em cada 5 brasileiras já teve que recorrer a um aborto (e entre elas, a maioria é de mulheres que professam a fé católica, vejam bem).
Esta é a realidade cotidiana, não adianta esconder com a peneira. Acontece que ela é vivenciada de modo diferente se você tem grana ou não.
Quem pode, paga uma nota e faz em clínica chique.Quem não pode, recorre a agulhadas, garrafadas, remédios contra úlcera, e outros métodos com risco de vida.
Todos falando do direito à vida... ora, e o direito à vida das MULHERES, onde fica?


4 -
Sou mãe desta lindeza de bebezuca que vcs conhecem e nem por isso deixei de defender o direito das mulheres à (difícil) decisão sobre seus corpos e vidas. Ou melhor dizendo: é justamente depois de ser mãe que defendo AINDA MAIS este direito. Porque filho exige amor, atenção, dedicação e disponibilidade INTEGRAL. Então tem que ser a decisão mais responsável de todas.

Mais um videozinho que vale a pena circular,
é das meninas do CFemea aqui de Brasília:


PS: pior do que a hipocrisia dos serristas surfando na onda da pregação religiosa, tem sido ver a campanha da dilma refém deste oportunismo, fazendo concessão após concessão. Uma vergonha: nas palavras de uma amiga, "dois candidatos ateus disputando votos em nome de jesus"... E eu que, ingenuamente, ainda tinha fé no Estado laico...
Não canso de me espantar.
E pior ainda é que, mesmo assim, bate o medo da Dilma não ganhar. Então que venha logo o dia 31 pra gente votar logo no 13 e acabar com esta vergonha de campanha de uma vez, antes que sejam feitas concessões ainda mais sérias.

E agora, bola pra frente, que ninguém aguenta mais discutir esse assunto.
Debate de verdade, por favor!

Um comentário:

  1. Não sabia da existência desse Blog, ná época em que estava rolando esse não debate. Sim porque a imprensa burguesa e os candidatos nunca discutem esse tema com seriedade. Mas concordo plenamente com tudo que foi exposto aqui. Assino embaixo. Isso também é uma forma de violência danosa contra as Mulheres!

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