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quinta-feira, 9 de junho de 2011

horror institucional na Espanha: mãe e filha separadas por conta da livre amamentação!

Atualização (22 junho): hoje a notícia mais esperada, mãe e filha juntas novamente! O Instituto Madrilenho do Menor e da Família (IMMF) voltou atrás...  mas o que mudou na situação existente há 3 semanas? A verdade é que nunca houve argumentos pra justificar esta barbárie, a não ser que não concordavam com questões relativas a amamentação, sono e como alimentar e vestir o bebê... ou seja, nada que tenha a ver com o BEM-ESTAR da criança! Puros preconceitos em cima de preconceitos!
É bom que se diga: mesmo nos relatórios do próprio IMMF - e a verdade é que muitos DESINFORMADOS que não leram os documentos acreditavam que "alguma razão" havia pra tirar a criança assim - não se fala em maus-tratos nem nada, mas que a mãe amamentava o bebê a qualquer hora e em qualquer lugar (ops, eu também faço isso com Inaê!), dava comida do próprio prato dela pro bebê experimentar (ops, eu também!), dormia junto com ela (ops, eu também!). Será que se eu estivesse na Espanha e não tivesse grana nem trabalho, e ainda mais sendo uma não-espanhola, também tirariam minha bebê caso morasse em um centro desses? Neste momento, ao mesmo tempo em que sinto vergonha da Espanha e um certo alívio por não morarmos lá, também sinto orgulho de todos os espanhóis e espanholas que lutaram bravamente todos estes dias pra que este pesadelo terminasse logo... hoje vou dormir feliz, e cada mamada da minha própria filha ao longo do dia teve um gosto especial, me lembrando do triunfo do AMOR. Porém, amanhã e ainda por muito tempo permanecerá a luta na Espanha contra as crueldades do sistema, em especial dos serviços de proteção a menores, pois este caso revelou que já existiam muitos e muitos outros casos. Mas isso amanhã, porque hoje só quero celebrar a reunião de Habiba e Alma, viva a força do AMOR.


Correção e atualização (15 junho): no texto abaixo, que fiz p
Habiba) ou a coloco pra dormir no peito, me lembro dessa bebê, tão brutalmente separada da mãe. Assim como a minha, essa bebê mamava pra dormir. Que desespero pensar nesse bebezinho, no seu corpinho contorcido de tanto chorar (segundo relatos). É tudo muito desesperador. Assim como outras mães que vêm acompanhando o caso, sinto impotência, raiva, dor.
Mas mais desesperador é saber que muitos e muitos outros casos como esse, de separação brutal e forçada, têm sido cometidos pelos serviços de "proteção ao menor" na Espanha e começam a vir à tona e ganhar visibilidade com o caso de Habiba.
Minha pequena Inaê tem cidadania espanhola, e quero que se orgulhe disso. Porém, nestes dias dolorosos, tenho tido vergonha da Espanha, ou melhor, das instituições espanholas.

Para mais informações atualizadas sobre o caso, bem como relatórios de psiquiatras, pediatras e especialistas que vêm demonstrando publicamente o absurdo dos argumentos usados pra separar a mãe e sua bebê (incluindo um texto do meu querido Dr. Carlos Gonzalez), ver o blog da rede de apoio:
http://todossomoshabiba.blogspot.com/

E também este, incluindo uma linda lembrança sobre o mito de Deméter e Perséfone e a força do vínculo mãe-filha contra as tentativas de separação:

Seguimos acompanhando - que se unam mãe e filha JÁ! Todas as mães e filhas/os que se encontram brutalmente separados!



Minha amiga Dulce, do nosso grupo de mães-mamíferas aqui de Brasília, acaba de me mandar uma história tão, mas tão chocante, que parece até ficção...
Não é, infelizmente e pra minha dor, é tudo verdade, está circulando em um monte de blogs das redes maternas, comunidades pró-amamentação etc. e notícias de jornal por aí.

Trata-se de mais um caso de brutalidade institucional. Assim como o que foi praticado contra minha amiga jornalista, Adriana Mendes, e com a fotógrafa e videasta Elaine César, ambas brutalmente afastadas de seus filhos pelas instituições judiciais, que acataram processos com base em depoimentos fantasiosos dos respectivos pais das crianças e sumariamente suspenderam ou limitaram o contato mães-filhos. Assim como o que foi cometido contra a jovem mãezinha que amamentava seu bebezinho de colo no famigerado "visitário público" de SP.
A única diferença é que neste caso não são instituições brasileiras, e sim espanholas.

A jovem marroquina Habiba foi separada à força de sua filhinha de apenas 15 meses (um bebê exatamente da idade da Inaê), porque a amamentava livremente
Sim, isso mesmo, é o que vcs leram: mãe e filha separadas por conta do livre aleitamento (aquele mesmo, sem horários fixos, recomendado pela OMS)!
Ah sim, além de ser marroquina, ela é solteira e tem 15 anos... ou seja, contra os preconceitos e pré-julgamentos que estas 3 condições juntas provocam, não adianta nadica de nada ser uma boa mãe, amorosa e dedicada, e totalmente a fim de cuidar e acalentar e acolher seu bebê.


No centro de abrigo de mães solteiras onde ela vivia, quiseram inclusive que ela tomasse remédios pra secar o leite (horror! horror! horror institucional!).

Habiba se recusou, ela queria apenas amamentar a filha. Bom, pra resumir, a filhinha foi retirada dela há cerca de 10 dias, e depois também a jovem foi expulsa do centro.

No grupo do Facebook que criaram para apoiar Habiba e denunciar o caso, foi postado o seguinte depoimento da psiquiatra que acompanhou a jovem mãe em uma visita de UMA HORA a seu bebê: 


"Siento un dolor, una impotencia y una rabia inmensas. Acompañar ayer a Habiba a la salida del centro fue durísimo, me siento testigo del linchamiento de una menor de 15 meses absolutamente inocente. Cada minuto que pasa sin su madre el daño es mayor. Habiba ayer decía "no se porque me hacen tanto daño, si quieren pegarme una paliza que me peguen a mi pero que no hagan esto a mi hija, no puedo mas..." por favor, que esto acabe ya. Difundidlo donde haga falta, que se paralice todo, no somos nada si no evitamos este daño a esta niña de 15 meses" (Ibone Olza)


É um verdadeiro horror, mas o que pra mim torna ainda mais trágico é ter sido praticado por instituições que deveriam proteger justamente aqueles mais frágeis em nossa sociedade, jovens mães solteiras pobres e, principalmente, crianças e bebês...

Um dos inúmeros blogs espanhóis desta rede denuncia que na Espanha, nas diferentes Comunidades Autônomas, as mães pobres tem ajuda de uma renda mínima por no máx. 3 meses (no Brasil nem isso, bem entendido), se depois disso não "melhoram sua situação econômica", o bebê é retirado e enviado a uma família de acolhida!! E o que mais uma mãe que está no pós-parto pode fazer senão cuidar do seu bebê por período integral? Como, pelas deusas, sair pra buscar emprego se há um recém-nascido para amamentar e cuidar? É absolutamente incompreensível!
Como diz minha amiga Dulce, a história de Habiba, a jovem mãe marroquina, traz uma "mistura de xenofobia com autoritarismo, misoginia e mais 5 milhões de tipos de preconceitos nojentos".

Estou aqui divulgando, não posso me calar. Todas somos mães. Todas somos Habiba! 

Para quem tá no Facebook, a página do grupo de apoio é esta aqui.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Carta aberta a Caco Barcellos e equipe: o caso Dorinha e as perguntas que não querem calar


Caco e equipe Profissão Repórter:

Acompanho de perto e desde o começo o caso da menina Dora Mendes Golfeto, apresentado na edição de ontem (31 de maio) do programa, e venho a público, como cidadã, profissional e mãe, questionar por que o programa se calou sobre tantas questões fundamentais.
Aparentemente, um programa “neutro”, mostrando os “dois lados”. Na prática, porém, tantas perguntas que não foram feitas (ou não se quis fazer), perguntas que ficam no ar e comprometem qualquer isenção, falam de um determinado ponto-de-vista.
Falta de informação? Decisão deliberada? O que sei é que, por conta dessas omissões ou equívocos, a matéria já nasce “viciada”.

Senão vejamos:

- Por que o pai tirou a filha da mãe, se não foi para cuidar dela?
Ei Caco, nem precisa afirmar tão veementemente que não, de jeito nenhum, que não vai dar o endereço de onde Dora mora agora.
Ora, qualquer mínima investigação de foquinha iniciante pode verificar que Dora foi levada pelo pai para morar com os AVÓS PATERNOS (José Hércules Golfeto e Ed Melo Golfeto) em Ribeirão Preto.
Antes morava com uma mãe amorosa e presente, Adriana Mendes, com quem levava uma vida absolutamente normal, boa em termos materiais e emocionais, boa escola, prestigiado corpo de balé municipal etc. Agora vive sem mãe e um pai de vez em quando, sabe-se lá quando.
Ah sim, o pai, Jonas Golfeto, deu o endereço de Ribeirão como sua nova residência... Então tá... só se for pra juiz e foca do Caco Barcellos ver!
Afinal, até o mundo mineral sabe que Jonas reside há mais de uma década em São Paulo, onde inclusive esteve em cartaz até o último dia 29 de maio com a Cia. Les Commediens Tropicales. Como assim? Mora em Ribeirão e trabalha em SP (336 km de distância)? Faz mais de 600 km diariamente? Ou, se não faz, quem cuida da filha?
Trabalhinho básico, bem básico, de checar informações. Não digo a coisa artificialmente montada pras câmeras, mas a história real, na lata, do que acontece no cotidiano de Dora: será que é mesmo este pai que está cuidando dela, levando-a à escola, participando de sua vida em todos os aspectos necessários?

- Por que não divulgar a última entrevista feita com Adriana, há poucos dias, mostrando que até hoje, quase 4 MESES depois, o pai nunca deixou a filha sequer falar ao telefone com a mãe, quanto mais encontrá-la pessoalmente?
O Profissão Reporter tinha este material e poderia ter mostrado. A cena em que ele arranca Dorinha da escola, ela chorando e pedindo desesperada pra falar com a mãe, é de cortar o coração. “Não, hoje não”, não vai falar com a mãe hoje.
Mas e depois, será que falou?
A resposta é NÃO! NUNCA MAIS!
De novo, investigaçãozinha básica, pessoal! Bastava a foquinha ter presenciado (e melhor ainda, ter registrado) a mãe ou qualquer outra pessoa tentar ligar pros telefones do pai ou da casa dos avós onde Dora mora em Ribeirão pra descobrir o que acontece.
Mas não fizeram (ou não quiseram fazer) isso, então vou falar o que acontece: faz quase 4 longos meses que qualquer telefonema de Adriana e de qualquer amigo que tente falar com Dora são sistematicamente desligados. Nada, nenhuma comunicação. Dorinha está sendo impedida de qualquer contato com a vida anterior que tinha, qualquer contato com sua mãe e sua irmãzinha de 2 anos.
Não usemos mais meias palavras, vamos dar nome aos bois: a menina está em uma espécie de cárcere, em situação de privação – ainda que numa rica casa, com zilhões de presentes e tudo o mais para garantir sua “adaptação”, ganhar uma câmera de filmar, poder usar sapatilhas de ponta (que, diga-se, não podia usar ainda em Santos, pois lá no Balé Municipal se preocupam com os pézinhos em formação e só permitem a ponta após os 10 anos...).
Ah, mas se poderia argumentar que Dora também não teve contato com Jonas todos estes anos com a mãe... Bom, uma coisa é quando a criança é impedida de ter contato como agora, outra é quando poderia ter e a criança nem queria, e não por qualquer tipo de pressão da mãe, pelo contrário: é só ver como Dorinha, sempre tão doce, tão gentil, tão educada (claro, foi a mãe quem a criou e educou!), no fim acaba indo com o pai, pra constatar que, mesmo sofrendo sistemática campanha de ódio e vingança, a mãe jamais usou a filha como instrumento dessa briga e a manteve imune a qualquer imagem negativa, qualquer fato que destruísse a figura do pai.
Tão diferente da lavagem cerebral praticada contra a mãe de Dora, com uma forcinha global, claro.

- Por que não investigar o contexto que levou à “fuga” (eu, como mãe, prefiro dizer a libertação) de Dora com a mãe anos atrás?
Uma criança de 3 aninhos que sofria alienação parental praticada pelo próprio pai, que a obrigava a só encontrar a mãe em um lugar insalubre e deprimente chamado “Visitário”? (eu sei como era, também disso sou testemunha porque lá estive visitando Dorinha, mas não gosto nem de me lembrar daquele lugar pra não ficar deprimida). Nada de encontros com a mãe em outros lugares mais alegres, nada de ir à casa da mãe, muito menos pernoitar com ela. Uma menininha de apenas 3 anos.
Sim, a mãe foi embora com ela. Mas é muito importante entender em qual contexto. Pois eu também sou mãe, e embora seja difícil especular sobre o que não se coloca de fato, sinceramente estou convencida de que, nestas condições-limite, faria o mesmo. E tenho certeza que muitas e muitas e muitas outras mães também, MÃES de verdade.
Mas esse contexto desesperador, com história do visitário etc. não interessa mostrar, porque poderia criar simpatia e solidariedade em relação ao ponto-de-vista da mãe, não é?

- Por que não contar que Jonas não só quer afastar a filha da mãe como também está tentando eliminar qualquer rastro da mãe na vida da filha, tendo pedido a “destituição de poder familiar”?
Sim, isso mesmo, ao contrário da imagem de pai bonzinho que o programa tenta construir, o ódio e a sede de vingança são tamanhos que Jonas deu entrada num pedido pra limar totalmente a mãe da vida da filha.
Gente, é chocante, atenção leitores: o nome da mãe seria inclusive retirado da certidão de nascimento de Dora! Simples assim! Apagar a existência da mãe da vida de uma criança por força de uma decisão judicial!
Acontece que um juiz de bom-senso percebeu o absurdo da situação e sumariamente extinguiu o processo, que ainda corria em SP.
Depois disso, Jonas transferiu o processo pra Ribeirão (além dele não cuidar da filha, deixando-a com os avós, o objetivo é, bem-entendido, dificultar ainda mais o contato mãe-filha e todos os trâmites judiciais) e, DE NOVO, entrou com processo pedindo a destituição do poder familiar, dessa vez na justiça de Ribeirão! Minhas deusas! É muito ódio pra uma pessoa só! Por que não mostrar isso na telinha do plim-plim?
Uai gente, óbvio, invalida a “tese” do programa!

- E aqui caímos na derradeira pergunta, não menos importante: por que tanto empenho em demonstrar a suposta isenção e neutralidade do programa?
Há claramente “teses”, baseadas em pressupostos cristalizados, a serem demonstradas – e tudo bem superficialmente, em 30 minutinhos. Nada é neutro por aqui. Comovente e um tanto patético o esforço da repórter Gabriela Lian pra “não tomar partido”. Gabriela é quase uma “veterana” da equipe de Caco, há 4 anos no programa. É inevitável que seja preservada pelo chefe de eventuais questionamentos ao seu comportamento ético. Porém, as perguntas se acumulam: por que Gabriela esconde o fato de que já conhecia Jonas, são “amiguinhos de Facebook” e tudo? Ou de que, como ele, também é de Ribeirão Preto? De que os pais dele, como os dele, também são da área de psiquatria (pai) e psicologia (mãe)? Nossa, quantas coincidências, não? Ah, nada disso coloca em cheque seu trabalho como repórter... será mesmo que não? Então aqui vai mais uma perguntinha até agora sem explicação: o que Jonas e Gabriela faziam, sobre o que conversavam, em um restaurante paulistano na semana passada? Fato testemunhado por duas pessoas dispostas a afirmá-lo em juízo?

São muitas perguntas, muitas omissões, muitos equívocos, muitos fatos fundamentais silenciados.
Um silêncio ensurdecedor.
É possível enganar poucos por um tempo, mas não é possível enganar todo mundo o tempo todo.

Em nome de Dorinha e de sua mãe, nunca vamos nos calar frente à disseminação da mentira.

A verdade prevalecerá.

Assina esta carta aberta:
Gabriela Cunha - cientista política e gestora governamental, e mãe da Inaê (1 ano e 3 meses)
Brasília, DF

Foto: eu com Dorinha e sua irmãzinha Mimi - Baixada Santista - dezembro 2010

Para conhecer mais sobre a verdade do caso Dora e a história real de uma MÃE, vejam:
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