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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Amamentar: o quase-tabu...e a dor pela mãe que amamentava no visitário

Esta semana, um grupo de mães fará um "mamaço" coletivo em protesto ao Itaú Cultural da Avenida Paulista, de onde uma mãe foi retirada de uma exposição em março após dar de mamar ao bebezinho de 2 meses...

O caso está longe de ser único, todos os dias ouço mães que relatam ter sofrido críticas e até ameaças por amamentarem seus filhos em público. Se a criança tiver mais de 1 ano então, apanha... Mais de 2 anos? Vixe, aí é crucificação e linchamento na certa. Tudo isso num país onde é normal mulherada de peito de fora em comercial da tv e desfile de carnaval, mas mãe amamentando filho é ofensivo, e virando um quase tabu.

Gostaria de não me incluir nessa, mas pra meu desgosto me incluo. Na escolinha da Inaê a diretora me pediu pra passar a amamentar minha filhinha em um recinto fechado, longe dos meninos mais velhos (4, 5 anos) que estavam começando a "falar coisas". Confesso que não tive reação e acatei, mas até hoje não digeri bem. Como assim, "falando coisas"? A maldade e a perversão que houver está toda na cabeça de adultos, nunca de crianças muito jovens, que deveriam, ao contrário, aprender que amamentar é natural e bonito. Por isso já decidi: vou levantar o assunto junto à escola.

Aliás, aqui está uma excelente reflexão sobre a importância do processo natural de aprendizado que acontece com crianças muito novinhas quando expostas ao ato de amamentar (o link é em inglês, mas pra quem não lê vale a pena ao mesmo dar uma olhada nas fofos, muito fofas)...

Também nesta mesma linha de indignação, a jornalista Lia Miranda aqui de Brasília, mãe da Emília e com outro bebê na barriga, acaba de publicar um ótimo Manifesto pela Amamentação, que eu assino embaixo sem tirar nem pôr!

Agora uma nota mais chocante e profundamente dolorosa, sobre o caso relatado por minha amiga Dri, que enfrenta a batalha pela volta de sua filhinha Dora, como já contei antes.
A Dri, jornalista que escreve lindamente com a razão e o coração, e dona de uma memória prodigiosa, fez mais um relato sobre a época do famigerado "visitário" público de São Paulo, então o único lugar em que muitos pais e algumas mães em disputa de guarda como ela tinham para desesperadamente ver seus filhos bebês e crianças.
É o relato da jovem mãezinha que amamentava seu bebê nas escassas visitas quinzenais. Sim, vocês leram isso mesmo, um bebê QUE AINDA MAMAVA arrancado de sua mãe, sob a justificativa de que ela estava deprimida. Alguém consegue pensar numa maneira mais fantástica de ajudar uma mãezinha com depressão do que arrancando seu bebê?
Não consigo nem relatar mais que já começo a chorar de novo, aliás só de lembrar daquele horrendo "visitário" que conheci ao visitar Dorinha lá uma vez já me vem o nó na garganta.
Quem quiser ler o relato inteiro por favor visite o blog da Dri, o post está aqui.


Pra mim o mais inaceitável de tudo isso é a brutalidade institucional. Sim, tudo feito ao amparo de instituições judiciais. A ruptura do sagrado vínculo mãe-bebê, legitimada por trâmites legais.
Assim como, voltando ao primeiro caso: a expulsão da mãe do Itaú Cultural, segundo as "regras da instituição".

Só que no caso da mãezinha do visitário, tudo infinitamente mais doloroso e desesperador, um crime promovido por indivíduos e instituições que jamais terá volta, pois este o primeiro ano daquele bebezinho (e o segundo? e o terceiro? o que terá acontecido com esta mãezinha, pelas deusas?) jamais terá volta, a dor desta brutalidade pra sempre impressa na sua história.


Por isso relatamos e denunciamos.
Contra isso nos manifestamos.
Não vamos nos calar.

2 comentários:

  1. Não acredito que fizeram isso na escola também!Enquanto eu lia agora, com a Miranda no colo, ela viu suas fotos e falou: "Nenê, mamãe, titio" e riu muito, lembrou de tudo! E quando viu a foto da Dorinha..."minha Doinha... cadê mamãe?"Nem preciso dizer que chorei... adorei esse texto, quero fazer mamaço também!

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  2. Gabriela? Na escola? Inacreditável! Tem que levantar essa questão sim. Ainda que os tais meninos não tenham mamado há tempo de serem corticalmente informados. vale visita à natureza, filmes e tudo mais para entenderem o que é ser do reino dos mamíferos. Pra 4 e 5 anos, uma oportunidade maravilhosa de aprender com e na natureza. A diretora também está precisando aprender algumas coisas, ela já fez a coisa errada, foi para repressão em vez de ir para a informação. lamentável. bjs.C

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