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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

a escola, o "mês das crianças" e o consumismo infantil

Este ano não deu pra fazer um texto específico pra campanha sobre o Dia das Crianças do movimento Infância Livre de Consumismo. Então anexo aí abaixo a cartinha que fiz e enviei pra escola da minha filha na semana passada - uma forma de fazer o meu trabalho de formiguinha, buscando chamar pra refletir e agir quem participa diretamente do cotidiano da família!

OBS: a série de imagens acima (que ficaram lindas!) são da campanha do movimento ILC, passa lá pra se informar mais!




Querida equipe da escola (direção + educadoras):

O Dia das Crianças se aproxima e com ele os inescapáveis apelos ao consumismo desenfreado. Crianças ainda muito novinhas são convencidas de forma massiva de que precisam ter o último modelo do brinquedo x ou y... A data se torna mais um pretexto para que pais, avós, padrinhos etc. comprem mais e mais objetos que se acumularão no quarto de nossas crianças.


Porém, sabemos que na verdade o que a criança quer é a vivência da brincadeira, é a companhia, atenção e interação com outras crianças e/ou adultos, é o tempo e disponibilidade para que possa brincar e que possam brincar com ela.

A publicidade infantil é mestra em vender brinquedos como se o objeto material equivalesse a tudo isso, e por isso as crianças apresentam tantos desejos e pedidos, às vezes dando os famosos chiliques de “eu quero”... (psicólogos chamam isso de "pedido deslocado", pois ela queria não o objeto em si, e sim presença, atenção, disponibilidade...)

Entendemos que a escola não procura estimular esse consumismo, pelo contrário. Percebemos cotidianamente nesta escola o incentivo e valorização do puro brincar, muitas vezes utilizando só a imaginação e criatividade dos pequenos, ou propondo atividades diferenciadas como plantio de sementes etc.; além de práticas de socialização de brinquedos; confecção de brinquedos com sucatas e outros materiais, feitos pelas próprias crianças; entre outras...

Porém, as crianças trazem de casa seus modelos de socialização, e continuamente repassam aos coleguinhas estes apelos de consumismo que tanto assediam nossos pequenos.

Conversamos sempre com nossa filha para mostrar que o dia das crianças pode e merece ser lembrado, porém não precisa ser sinônimo de compra de brinquedo.
Todos podemos e devemos celebrar a infância, esta fase mágica e única da vida, de muitas formas variadas. O dia (ou semana, ou mês, ou todo instante!) das crianças pode ser comemorado com muitas brincadeiras, teatro, música, contação de histórias, confecção de brinquedos etc., e não obrigatoriamente com ganhar presentes e lembrancinhas.

Gostaríamos muito de contar com o apoio da escola - pois, após a referência principal da família, a escola é com certeza a segunda referência mais importante na vida de nossa filha!

Propomos que estas questões sejam abordadas e problematizadas coletivamente com os pequenos (do modo que as educadoras julguem mais adequado à idade das crianças). Mesmo sendo tão novas, as crianças serão capazes de elaborar e absorver tudo o que conversamos com eles.

É importante mostrar e discutir com eles que não é preciso possuir o brinquedo para se divertir com ele.
Criança gosta da novidade, não do brinquedo novo em si! Aliás, o brinquedo pode até já ser usado, mas será novo para aquela criança... É por isso que as crianças se interessam e desfrutam dos brinquedos socializados no “dia do brinquedo” na escola - mas no fim do dia não precisam ir pra casa com eles.
As crianças também desfrutam dos brinquedos, livrinhos e espaços de brincar da escola, assim como existem outras possibilidades parecidas para desfrutar sem precisar “levar pra casa”, como brinquedotecas, parquinhos, bibliotecas infantis etc. Outra possibilidade bacana é participar de feiras de trocas de brinquedos e livrinhos infantis (em Brasília já aconteceram algumas)

Enfim, muitos temas e ideias que vale a pena debater com nossas crianças!
Estou à disposição para conversar mais, ou melhor ainda, podemos conversar no coletivo, e propor uma atividade de reflexão conjunta com presença de outros pais e educadores, pois somos nós todos juntos os principais responsáveis hoje pela formação destes cidadãos conscientes no amanhã.

Esperando continuar no debate, agradeço muitíssimo a atenção de vocês.

Gabriela (mãe da Inaê)

(OBS: Existem ótimos materiais para educação e reflexão sobre o consumismo infantil, como textos e vídeos. Para saber mais, sugiro consultar o movimento Infância Livre de Consumismo ou o Instituto Alana).

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