Parte 1: um relato familiar de desfralde
Um processo natural é aquele em que o ritmo da natureza é respeitado sem sofrer nenhuma interferência externa, certo? Bom, acredito que depende.
Um processo natural é aquele em que o ritmo da natureza é respeitado sem sofrer nenhuma interferência externa, certo? Bom, acredito que depende.
Claro que cada criança
é única, e ademais cada uma estabelecerá de modo único e
diferenciado seu vínculo com a mãe e outros cuidadores e com o
mundo em volta. Pra algumas, o processo natural de fato será
totalmente espontâneo, surpreendendo os próprios pais, do tipo em
que a criança do nada um dia vira e decide que não vai usar mais
fralda e em pouquíssimos dias passa a usar só penico!
Mas pra muitas outras,
um processo natural pode ter uma “mãozinha” pra guiá-lo, e
ainda assim ser respeitoso, gradual, tranquilo. Ou mais: em alguns
casos, o processo pode continuar a seguir seu curso natural, sem
interrupções abruptas ou radicais, justamente por ter tido uma ou
outra ajudinha.
As "idades de referência" também costumam ser complicadas, e talvez fosse mais prudente seguir certos sinais de maturidade pra próxima fase em cada criança, em vez de manter o olho fixo só no calendário.
Assim, por ex., em vez
de introduzir alimentos complementares ao leite materno aos 6 meses
exatos, parece mais válido observar se o bebê já senta sozinho e
se já está demonstrando interesse por alimentos, o que vai variar
em cada um, acontecendo pra uns antes dos 6 meses, mas pra muitos
outros apenas bem depois disso!
Mas a linha é tênue, e o que digo aqui pode ser usado pra justificar processos que não foram respeitosos em sua essência, por ex. colocar direto um bebê na posição em pé num andador e dizer depois que começou “naturalmente” a andar sem ter engatinhado, ou regular horários de mamadas e substitui-las por mamadeiras e dizer que o bebê foi largando o peito “naturalmente” muito cedo (i.e. antes de 1 ano de idade).
Mas a linha é tênue, e o que digo aqui pode ser usado pra justificar processos que não foram respeitosos em sua essência, por ex. colocar direto um bebê na posição em pé num andador e dizer depois que começou “naturalmente” a andar sem ter engatinhado, ou regular horários de mamadas e substitui-las por mamadeiras e dizer que o bebê foi largando o peito “naturalmente” muito cedo (i.e. antes de 1 ano de idade).
Se não existem idades
fixas de referência, porém, é certo que existem fases ou etapas de
natureza fisiológica, psíquica e emocional que os filhotes humanos
irão passar mais cedo ou mais tarde. Por isso todo cuidado é pouco,
pra não interromper precocemente processos quando a fase de maior
oralidade ainda não está fechada, ou retardando ad infinitum
processos que impedem de adentrar na fase de maior autonomia.
E ao menos uma coisa é
certa: as próximas fases sempre vêm!
Por aqui estamos
vivenciando dois movimentos em direção a novas fases, tentando
respeitar ao máximo o ritmo que parte da própria Inaê, porém
oferecendo ajudinhas possíveis onde achamos que convêm, pros
processos seguirem naturalmente deliciosos pra toda a família.
Um deles, o desfralde,
está oficialmente concluído.
O outro, o desmame,
está em curso, de forma gradual.
Aqui falarei do
primeiro, deixando o segundo pro próximo post, pro texto não ficar
grande demais.
“Preciso fazer
xi-xi-iiiii!”
Podemos considerar que
o “estalo” do desfralde total aconteceu pra Inaê entre os 28 e
29 meses.
Nesse caso, a ajudinha
externa começou com a presença de um penico em casa, e muita
conversa e estorinha sobre tirar fralda, como por ex. lendo e relendo
o livrinho da Lulu e o do ratinho. Paralelamente, fomos “testando”
deixá-la muitas vezes sem fralda ou de calcinha quando estava em
casa.
Porém muito tempo se
passou sem que houvesse a esperada cena mágica de se dirigir sozinha
ao penico.
Confesso que houve um momento em que tendi a desrespeitar o ritmo natural dela, principalmente na época em que uma amiguinha mais nova, a Nina, largou natural e espontaneamente a fralda em um período recorde de dias, com apenas 1 ano e 7 meses!
Felizmente, consegui me
lembrar a tempo que cada um é único e que não adiantava levar
correndo ao penico, se ela gritava “Penico, não! Penico, não!”.
Pelo contrário, como sabiamente dizem os mais experientes, apressar
certos processos pode até ter o efeito contrário, e acabar
retardando tudo.
O jeito então foi ter
paciência, e seguir na nossa rotina de lavar fraldas por mais um tempo...
O próximo passo de “ajudinha externa” foi passar a tirar a fralda nos períodos acordada.
O próximo passo de “ajudinha externa” foi passar a tirar a fralda nos períodos acordada.
Não acho que a questão
do clima seja determinante, mas a viagem pode ter facilitado, pois
aqui na Bahia é mais quente, e assim tem menos roupa pra tirar na
hora em que começa a avisar.
Quanto à fralda de
pano, também não há como saber, mas meu palpite é o de que pode
ter ajudado, pois a Inaê passou a expressar incômdo quando molhada
e pedir “tloca minha flalda???”
Em Arraial, ainda
colocava a fralda nos períodos de soneca diurna e sono noturno. Aqui
em Olivença, logo a soneca diurna também passou a ser sem fralda, e
pouco depois já arriscava no sono da noite. Desde então, nunca mais
precisei colocar, nem ela nunca mais aceitou... E adeus, fraldas!
Mesmo sendo um processo
que vem da criança, a gente também tem que estar atenta pra
sugerir, mesmo quando ela ainda não pediu.
Sei que parece um pouco
cansativo ficar perguntando várias vezes “quer fazer xixi agora?”,
“vamos fazer um xixizinho antes de dormir?”, mas não se trata de
forçar muito a barra não, é só quando se observa que tá se
apertando ou já faz tempo que fez.
Porque criança não gosta por
ex. de parar a brincadeira quando tá muito boa, e aí acidentes
acontecem, mas são super-normais e fazem parte.
Mas em geral, o que
rolou por aqui é que, aos poucos, ela mesma é que foi dizendo
quando precisava, até no meio da noite.
E foi assim que, um
belo dia, me dei conta de que já fazia um tempo que ela estava falando essas 3 palavrinhas
mágicas:
- Preciso fazer
xixi!!!
Puxa, quanto significado em 3
simples palavrinhas...
A consciência corporal pra poder avisar com
antecedência...
A capacidade de segurar o xixi até conseguir tirar
a roupinha e chegar no penico (ou, com nossa ajuda, no vaso)...
A
independência de decidir e fazer coisas por conta própria...
Seja bem-vindo, controle dos
esfincteres!
Gabi, sua filhota tá muito grandona!
ResponderExcluirJoana continua picototinha, mas muito esperta. O desfralde dela foi espontâneo e começou com 1 ano e meio. Hoje, nossas filhas quase gêmeas, demonstram que sabem o que querem, com 2 anos e meio.
Joana passa o dia de calcinha e ainda faz xixi à noite, mas também com esse frio, né?
Beijo grande e adorei seu blog!
Sylvana