Um processo natural é aquele em que o ritmo da natureza é respeitado sem sofrer nenhuma interferência externa, certo? Bom, acredito que depende.
Claro que cada criança
é única, e ademais cada uma estabelecerá de modo único e
diferenciado seu vínculo com a mãe e outros cuidadores e com o
mundo em volta. Pra algumas, o processo natural de fato será
totalmente espontâneo, surpreendendo os próprios pais, do tipo em
que a criança do nada um dia vira e decide que não vai usar mais
fralda e em pouquíssimos dias passa a usar só penico!
Mas pra muitas outras,
um processo natural pode ter uma “mãozinha” pra guiá-lo, e
ainda assim ser respeitoso, gradual, tranquilo. Ou mais: em alguns
casos, o processo pode continuar a seguir seu curso natural, sem
interrupções abruptas ou radicais, justamente por ter tido uma ou
outra ajudinha.
As "idades de referência" também costumam ser complicadas, e talvez fosse mais prudente seguir certos sinais de maturidade pra próxima fase em cada criança, em vez de manter o olho fixo só no calendário.
Assim, por ex., em vez
de introduzir alimentos complementares ao leite materno aos 6 meses
exatos, parece mais válido observar se o bebê já senta sozinho e
se já está demonstrando interesse por alimentos, o que vai variar
em cada um, acontecendo pra uns antes dos 6 meses, mas pra muitos
outros apenas bem depois disso!
Mas a linha é tênue, e o que digo aqui pode ser usado pra justificar processos que não foram respeitosos em sua essência, por ex. colocar direto um bebê na posição em pé num andador e dizer depois que começou “naturalmente” a andar sem ter engatinhado, ou regular horários de mamadas e substitui-las por mamadeiras e dizer que o bebê foi largando o peito “naturalmente” muito cedo (i.e. antes de 1 ano de idade).
Mas a linha é tênue, e o que digo aqui pode ser usado pra justificar processos que não foram respeitosos em sua essência, por ex. colocar direto um bebê na posição em pé num andador e dizer depois que começou “naturalmente” a andar sem ter engatinhado, ou regular horários de mamadas e substitui-las por mamadeiras e dizer que o bebê foi largando o peito “naturalmente” muito cedo (i.e. antes de 1 ano de idade).
E ao menos uma coisa é
certa: as próximas fases sempre vêm!
Por aqui estamos
vivenciando dois movimentos em direção a novas fases, tentando
respeitar ao máximo o ritmo que parte da própria Inaê, porém
oferecendo ajudinhas possíveis onde achamos que convêm, pros
processos seguirem naturalmente deliciosos pra toda a família.
Um deles, o desfralde,
está oficialmente concluído.
O outro, o desmame,
está em curso, de forma gradual.
Aqui falarei do
primeiro, deixando o segundo pro próximo post, pro texto não ficar
grande demais.
“Preciso fazer
xi-xi-iiiii!”
Podemos considerar que
o “estalo” do desfralde total aconteceu pra Inaê entre os 28 e
29 meses.
Nesse caso, a ajudinha
externa começou com a presença de um penico em casa, e muita
conversa e estorinha sobre tirar fralda, como por ex. lendo e relendo
o livrinho da Lulu e o do ratinho. Paralelamente, fomos “testando”
deixá-la muitas vezes sem fralda ou de calcinha quando estava em
casa.

Porém muito tempo se
passou sem que houvesse a esperada cena mágica de se dirigir sozinha
ao penico.
Confesso que houve um momento em que tendi a desrespeitar o ritmo natural dela, principalmente na época em que uma amiguinha mais nova, a Nina, largou natural e espontaneamente a fralda em um período recorde de dias, com apenas 1 ano e 7 meses!
Felizmente, consegui me
lembrar a tempo que cada um é único e que não adiantava levar
correndo ao penico, se ela gritava “Penico, não! Penico, não!”.
Pelo contrário, como sabiamente dizem os mais experientes, apressar
certos processos pode até ter o efeito contrário, e acabar
retardando tudo.
O jeito então foi ter
paciência, e seguir na nossa rotina de lavar fraldas por mais um tempo...
O próximo passo de “ajudinha externa” foi passar a tirar a fralda nos períodos acordada.
Mesmo sendo um processo
que vem da criança, a gente também tem que estar atenta pra
sugerir, mesmo quando ela ainda não pediu.
O próximo passo de “ajudinha externa” foi passar a tirar a fralda nos períodos acordada.
Não acho que a questão
do clima seja determinante, mas a viagem pode ter facilitado, pois
aqui na Bahia é mais quente, e assim tem menos roupa pra tirar na
hora em que começa a avisar.
Quanto à fralda de
pano, também não há como saber, mas meu palpite é o de que pode
ter ajudado, pois a Inaê passou a expressar incômdo quando molhada
e pedir “tloca minha flalda???”
Em Arraial, ainda
colocava a fralda nos períodos de soneca diurna e sono noturno. Aqui
em Olivença, logo a soneca diurna também passou a ser sem fralda, e
pouco depois já arriscava no sono da noite. Desde então, nunca mais
precisei colocar, nem ela nunca mais aceitou... E adeus, fraldas!
Sei que parece um pouco
cansativo ficar perguntando várias vezes “quer fazer xixi agora?”,
“vamos fazer um xixizinho antes de dormir?”, mas não se trata de
forçar muito a barra não, é só quando se observa que tá se
apertando ou já faz tempo que fez.
Porque criança não gosta por
ex. de parar a brincadeira quando tá muito boa, e aí acidentes
acontecem, mas são super-normais e fazem parte.
Mas em geral, o que
rolou por aqui é que, aos poucos, ela mesma é que foi dizendo
quando precisava, até no meio da noite.
E foi assim que, um
belo dia, me dei conta de que já fazia um tempo que ela estava falando essas 3 palavrinhas
mágicas:
- Preciso fazer
xixi!!!
Puxa, quanto significado em 3
simples palavrinhas...
A consciência corporal pra poder avisar com
antecedência...
A capacidade de segurar o xixi até conseguir tirar
a roupinha e chegar no penico (ou, com nossa ajuda, no vaso)...
A
independência de decidir e fazer coisas por conta própria...
Seja bem-vindo, controle dos
esfincteres!