Nossa gatinha Badu descansou no último dia 22 de janeiro, dois dias depois de fazer 12 anos e meio. Morreu dormindo ao pé da árvore onde gostava de ficar.
Ela tinha muitos cantos preferidos aqui na terra, pra onde a trouxemos (apesar de não gostarmos da ideia de gatos aqui em área de preservação), porém tivemos que fazer isso quando ficou claro que a pandemia não seria de 3 meses, mas sim de uns 3 anos.
Então ela partiu em paz, ao lado da família que a amava.
Na noite anterior, estava deitada no colo do Angel na rede (igual nesta foto com Rudá - a última que temos dela).
Na manhã seguinte começamos a dar falta, e no início da tarde a encontramos, bem perto de nós.
Foi incrível, porque no momento em que a avistei, todas as três crianças estavam em casa, eles que nesse horário costumam estar em algum canto da terra com os amigos, no parquinho, no rio, nesse dia estavam ali.
Uma passagem digna, tranquila, uma despedida com amor. Mas como dói.
Sua presença parece nos acompanhar em cada um daqueles cantos preferidos: observando lá do alto, estirada nos degraus da escada ou no telhado ou na árvore...
Afinal, foram quase 13 anos dessa presença mansa, ativa, carinhosa, sociável, constante.
"Gata preta, gata da meia-noite, gata de um alquimista"... eu lhe dizia emulando minha escritora preferida Doris Lessing ao adular sua gata preta como no relato em Particularly Cats.
Apesar de saber que Badu já era velhinha (os gatos da minha mãe nunca passaram de 10 anos), com o tempo devo ter me auto-convencido que ela era mesmo uma espécie de gata highlander, com algo de imortal.
Mas imortal ela será, eterna na nossa memória familiar, porque ao longo de tantos e tantos anos, foram muitos momentos memoráveis de uma gatinha que era sem igual.
Badu era única, a relação que ela tinha com as crianças era única, literalmente viu nascer cada um deles... Lembro dela no parto da Gaia no meu ombro, miando e miando em solidariedade no momento expulsivo final. Pra ela, eram os seus três "humaninhos".
Muito difícil saber que não vamos mais segurar aquela gata preta magrela, magríssima nos últimos tempos, mas ainda tão ativa até quase o fim, e sempre tão deliciosamente mansa e amorosa. Porém fico grata e me sinto honrada por termos sido sua família, e feliz por termos podido nos despedir com os últimos meses passados em natureza, junto com ela.
Badu já existia em nossas vidas quando esse blog começou. Ele começou, aliás, como um memorial para seu irmão gẽmeo, nosso gatinho Miró. Os dois vieram morar conosco quando tinham 3 meses e eu passava por um período difícil, após perder um bebẽ com quase 17 semanas de gestação. Jamais poderei expressar o quanto meus filhos felinos me fizeram bem, com sua sabedoria felina e amor ancestral.
O blog começou quando perdemos Miró, em dezembro de 2008. Ele tinha pouco menos de 5 meses. Mas sua irmã Badu seguiu e viveu conosco por mais de 12 longos e gloriosos anos, em que nossa família cresceu, se fortaleceu e se enraizou no cerrado, e do cerrado pro mundo.
Ao longo desses anos quem entrasse aqui via esse contador de idade:
Agora a contagem parou na vida terrena, mas Badu seguirá pra sempre, desde o primeiro post e para sempre nessas memórias.
Badu eterna, Badu presente!