Atualização (22 junho): hoje a notícia mais esperada, mãe e filha juntas novamente! O Instituto Madrilenho do Menor e da Família (IMMF) voltou atrás... mas o que mudou na situação existente há 3 semanas? A verdade é que nunca houve argumentos pra justificar esta barbárie, a não ser que não concordavam com questões relativas a amamentação, sono e como alimentar e vestir o bebê... ou seja, nada que tenha a ver com o BEM-ESTAR da criança! Puros preconceitos em cima de preconceitos!
É bom que se diga: mesmo nos relatórios do próprio IMMF - e a verdade é que muitos DESINFORMADOS que não leram os documentos acreditavam que "alguma razão" havia pra tirar a criança assim - não se fala em maus-tratos nem nada, mas que a mãe amamentava o bebê a qualquer hora e em qualquer lugar (ops, eu também faço isso com Inaê!), dava comida do próprio prato dela pro bebê experimentar (ops, eu também!), dormia junto com ela (ops, eu também!). Será que se eu estivesse na Espanha e não tivesse grana nem trabalho, e ainda mais sendo uma não-espanhola, também tirariam minha bebê caso morasse em um centro desses? Neste momento, ao mesmo tempo em que sinto vergonha da Espanha e um certo alívio por não morarmos lá, também sinto orgulho de todos os espanhóis e espanholas que lutaram bravamente todos estes dias pra que este pesadelo terminasse logo... hoje vou dormir feliz, e cada mamada da minha própria filha ao longo do dia teve um gosto especial, me lembrando do triunfo do AMOR. Porém, amanhã e ainda por muito tempo permanecerá a luta na Espanha contra as crueldades do sistema, em especial dos serviços de proteção a menores, pois este caso revelou que já existiam muitos e muitos outros casos. Mas isso amanhã, porque hoje só quero celebrar a reunião de Habiba e Alma, viva a força do AMOR.
Correção e atualização (15 junho): no texto abaixo, que fiz pouco depois de me inteirar do caso e ler um pouquinho nos links indicados, escrevi que a jovem mãe seria adolescente (15 anos), porém isso não é correto, agora, depois de me informar melhor, sei que tem 22 anos. Ou seja, não é tão menina. Mas isso não exclui todos os demais preconceitos que vem sofrendo, como jovem mãe solteira e desempregada e de origem marroquina.
Neste últimos dias, a cada vez que dou de mamar pra minha filha (da mesmíssima idade que Alma, a bebê de Habiba) ou a coloco pra dormir no peito, me lembro dessa bebê, tão brutalmente separada da mãe. Assim como a minha, essa bebê mamava pra dormir. Que desespero pensar nesse bebezinho, no seu corpinho contorcido de tanto chorar (segundo relatos). É tudo muito desesperador. Assim como outras mães que vêm acompanhando o caso, sinto impotência, raiva, dor.
Mas mais desesperador é saber que muitos e muitos outros casos como esse, de separação brutal e forçada, têm sido cometidos pelos serviços de "proteção ao menor" na Espanha e começam a vir à tona e ganhar visibilidade com o caso de Habiba.Minha pequena Inaê tem cidadania espanhola, e quero que se orgulhe disso. Porém, nestes dias dolorosos, tenho tido vergonha da Espanha, ou melhor, das instituições espanholas.
Para mais informações atualizadas sobre o caso, bem como relatórios de psiquiatras, pediatras e especialistas que vêm demonstrando publicamente o absurdo dos argumentos usados pra separar a mãe e sua bebê (incluindo um texto do meu querido Dr. Carlos Gonzalez), ver o blog da rede de apoio:
http://todossomoshabiba.blogspot.com/
E também este, incluindo uma linda lembrança sobre o mito de Deméter e Perséfone e a força do vínculo mãe-filha contra as tentativas de separação:
Seguimos acompanhando - que se unam mãe e filha JÁ! Todas as mães e filhas/os que se encontram brutalmente separados!
Minha amiga Dulce, do nosso grupo de mães-mamíferas aqui de Brasília, acaba de me mandar uma história tão, mas tão chocante, que parece até ficção...
Não é, infelizmente e pra minha dor, é tudo verdade, está circulando em um monte de blogs das redes maternas, comunidades pró-amamentação etc. e notícias de jornal por aí.
Trata-se de mais um caso de brutalidade institucional. Assim como o que foi praticado contra minha amiga jornalista, Adriana Mendes, e com a fotógrafa e videasta Elaine César, ambas brutalmente afastadas de seus filhos pelas instituições judiciais, que acataram processos com base em depoimentos fantasiosos dos respectivos pais das crianças e sumariamente suspenderam ou limitaram o contato mães-filhos. Assim como o que foi cometido contra a jovem mãezinha que amamentava seu bebezinho de colo no famigerado "visitário público" de SP.
A única diferença é que neste caso não são instituições brasileiras, e sim espanholas.
A jovem marroquina Habiba foi separada à força de sua filhinha de apenas 15 meses (um bebê exatamente da idade da Inaê), porque a amamentava livremente!
Sim, isso mesmo, é o que vcs leram: mãe e filha separadas por conta do livre aleitamento (aquele mesmo, sem horários fixos, recomendado pela OMS)!
Ah sim, além de ser marroquina, ela é solteira e tem 15 anos... ou seja, contra os preconceitos e pré-julgamentos que estas 3 condições juntas provocam, não adianta nadica de nada ser uma boa mãe, amorosa e dedicada, e totalmente a fim de cuidar e acalentar e acolher seu bebê.
No centro de abrigo de mães solteiras onde ela vivia, quiseram inclusive que ela tomasse remédios pra secar o leite (horror! horror! horror institucional!).
Habiba se recusou, ela queria apenas amamentar a filha. Bom, pra resumir, a filhinha foi retirada dela há cerca de 10 dias, e depois também a jovem foi expulsa do centro.
No grupo do Facebook que criaram para apoiar Habiba e denunciar o caso, foi postado o seguinte depoimento da psiquiatra que acompanhou a jovem mãe em uma visita de UMA HORA a seu bebê:
mistura de xenofobia com autoritarismo, misoginia e mais 5 milhões de tipos de preconceitos nojentos".
Estou aqui divulgando, não posso me calar. Todas somos mães. Todas somos Habiba!